terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Por vezes encontro-me em lamuria
por outras entrelacado de olhares extasiados
contudo cadentes que nao temem o proprio desprezo

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Tear Cósmico


O homem que o mundo teme
Repousa sob a sombra de uma árvore
Que compõe reles frutos
Descansa de seus afazeres fúteis
De valia frívola aos carentes de ventura

O homem que teme o homem
Ara os campos com as mãos calejadas
Permuta tal labor em bagatelas
Verte lágrimas quando blasfema a coragem
Percorre campos nulos curvado sob a mercê dos narcisos

O homem que teme o mundo
Açoitado pelo éter na estrada da perdição
Quebra o fel da eternidade com suor de sua testa
E o sorriso perdurado em seus lábios
Chocalha, abala e ofusca seus mais profundos rancores

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Desígnio


Todo dia parece ser sempre igual para ela
Ela acorda, prepara uma ducha, um café, e se prepara para sair
Não sai, fica, sentada à sua mesa da cozinha de dois lugares, solitária bivalente
Acerca do seu dia, imagina o molde que poderia se formar, os encontros e desencontros
Algumas vezes sente melancolia, sozinha em seu apartamento
Outra vez ela quer que seja apenas mais um dia
E ela fica a esperar em sua cadeira, uma de suas poucas mobílias
Inventou melhor ter poucos móveis, daria-se espaço às suas fantasias
Aguardando seu utópico magnífico ocorrer
Mesmo em seus sonhos mais inverterados ele persevera em sua partida matutina
Parte sem despertar-lhe, sem querer lhe causar enfado
E ela sai do seu sono de cadeira num pulo
Que leva-a a crer que seu dia será o mesmo
Por mais uma vez ela deseja esquecer as últimas horas
E seu nobre vir quebrantar esse feitiço.

sábado, 10 de outubro de 2009

Estrofe Esquecida



Espera o Brasil que todos cumprais com o vosso dever
Eia avante, brasileiros, sempre avante!
Gravai com buril nos pátrios anais do vosso poder
Eia avante, brasileiros, sempre avante!
Servi o brasil sem esmorecer, com ânimo audaz cumpri o dever, na guerra e na paz, na sombra da lei, à brisa gentil o lábaro erguei do belo Brasil
Eia sus, oh! sus!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Irredento



Não pertenço a ti, não pertenço a ninguém, nem mesmo sou meu
Se alguma coisa em seu sorriso que me toca como pranto
E existe algo em seus olhos que me dizem partida
Nao sou nem seu, nao sou nem eu

Empunho um pouco de coragem, e ainda ouso encarar o que resta
Ampulheta trabalha sem parar, culmina nesta ressaca
Rachaduras em espaços ocos e inertes sob cautela de um mundo sem ninguém

A liberdade é uma criança cega que brinca com seu cão surdo.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Oásis do Atacama

Localizado no Chile, o deserto do Atacama, considerado o mais alto e árido. Em consequência de sua altitude, correntes marítmas trazendo chuva raríssimas vezes tocam seu solo (registrados 400 anos sem indício de chuva), famoso pelo seu mar de sal.

É dia, insisto, arrisco, o tentar mais específico
À noite persisto, qualquer chance de um fitar seu
Mancha de penumbra minha esperança

Aguardo por dias mais quentes
Espero o inverno passar
Armo-me com qualquer desculpa
E me atenho à expectativa somente

Será o acaso me negando colo?
Sua razão empregando esmero?

Levo a saudade para lhe apresentar
Com certeza irá lhe agradar
me percorre o amargo sabor, desilusão
Doce agora está para salgado

A me julgar está a razão
E a solidão a me consolar
Minha pessoa antes no chão
Não estava a par de amar

Irônicas controvérsias
Esperança descabida
Que não me furtem os sonhos
Que eu tenho pela vida

Agora me vejo livre
Instigada pela incerteza
Mantém-se acesa a cidade
Não me encontro com a tristeza

domingo, 30 de agosto de 2009

Engraçado como o brilho de algumas estrelas parecem se esconder na vastidão do universo com um sipmles olhar, parecem ofuscar-nos de seu pudor mais belo, enquanto tentamos, em vão, focar-lhes sua essência. Um passar de mãos sobre a relva crescente e destemida, sem estorvar,
sentindo toda grandeza e insignificância do não gozar de limites.
Colocamo-nos entre elas, solitárias, pacientes e concessivos para com os olhares admirados
entre cada período e lugar, nos deslocamos para cada abismo, reflexo de solidão, quinhão, a estagnação fronte a tudo.
De que adianta tentar, se o nada sou, e o tudo será.

Fundamentos da Serenidade


Flor da maracujazeira, Passiflora edulis Sims, do grego Passi (paixão), flor da paixão, nome atribuído devido ao papa V que, ao ver a flor, afirmou ser revelação divina, paixão de cristo, com toda uma analogia, devaneio católico

Ah a primavera, e os esguios campos sem relva
Sol a pino e uma leve brisa salgada
O ir e vir das águas flertando nossos sonhos
E como dançam com a imaginação!
Indo e vindo...
No horizonte, linha reta, abismo, armadilha de olhar
Há, ainda, ponderação deturpada
Objeto de desejo, cativo da alma
Transfigura em doce o salgado do ar
Indo e vindo...
Convidativo, confortante, até prazeroso
E também passar o tempo sem o tempo passar
Corre nuvens, um crepúsculo, um poente
E já não mais vão e vem
Foram vindo e indo, se esvaindo
Os campos, agora mais delgados, amuados em consequência da lua
Deliberadamente nua, fria
De alguma forma fazem-nos compreender
Remeter uma praia vazia, breu do céu
Longe presente, próximo ausente
Um barco agora desbravando o ermo entre estrelas
Nos fazendo ir e vir

Long Road


E eu desejei por tanto tempo, não posso ficar
Todos os momentos preciosos, não posso ficar
Não é porque as asas caíram, não posso ficar
Mas ainda há alguma coisa faltando, não posso ficar

Segurando as mãos de filhas e filhos
E a confiança deles está caindo
Eu desejei por tanto tempo
Como eu desejo por você hoje

Andarei eu a longa estrada? Não posso ficar
Não há necessidade de dizer adeus

Todos os amigos e família
Todas as memórias voltam
Eu desejei por tanto tempo
Como eu desejei por você hoje

E o vento continua soprando
E o céu continua se tornando cinza
E o sol se põe
O sol irá nascer outro dia

Eu desejei por tanto tempo
Como eu desejo por você hoje

Andarei eu a longa estrada?
Nós todos andaremos a longa estrada

Um Último Agosto


Não como uma gota a desbravar os céus
Uma alma amaldiçoada a não ser

O último dos queixais subverte para desaparecer

Vertendo em lágrimas o prazer e a dor

O dia seria então, para não ser o esperar apenas anoitecer

Sem temer o provém do que ontem era o amanhã descabido de ternura

Pode ser...

Imerecido com custo da porventura da súcia de velhacos

Concebem e perduram nos fracos e desvalidos

Entretanto não impugnam somente estes com infortúnio enquanto desprovidos de culpa

Fazem-se valer nos mais bravos e desafiadores também
No futuro tornarão-se uma nostálgica cobiça

A incerteza de viver